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INSTITUTO CONTA BRASIL - “Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso, e trabalhar em conjunto é a vitória.” Henry Ford

RECURSOS USADOS PARA CONTAR HISTORIAS

“A imaginação é mais importante que o conhecimento.”
ALBERT EINSTEIN





RECURSOS USADOS PARA CONTAR HISTORIAS
Monica Weingärtner Otte
Anamaria Kovács



Contar histórias é uma arte. Muitas pessoas têm um dom especial para esta tarefa.
Mas isso não significa que pessoas sem esse dom excepcional não possam tornar-se bons
contadores de histórias. Com algum treinamento e alguns recursos práticos qualquer pessoa é
capaz de transmitir com segurança e entusiasmo o conteúdo de uma história para pequenos.
Repetimos: os recursos e os métodos que usamos para contar uma história têm seu
valor, mas nada pode substituir a afetividade pessoal que acompanha a história.
É recomendável ser bastante criativo no uso de recursos materiais. Não se prender a
certos padrões, mas variar de acordo com o conteúdo da história a ser contada ou
apresentada:Bonecos,máscaras, cartazes, fantasias, teatro, fantoches, etc.

Como contar histórias
(Fátima Beatriz)

Contar com o coração é o principal segredo da narrativa bem sucedida, além disso, há algumas considerações acerca das características do contador:

Personalidade

Deve ser alegre, criativo, observador, intuitivo, dedutivo, ter imaginação fértil, espontaneidade e acima de tudo ser simples.
Características
Deve possuir capacidade de sintetizar ou ampliar, de acordo com a faixa etária, a expectativa dos ouvintes. Observar o ambiente (reação dos ouvintes) para dar o fecho na história, domínio do assunto a que se refere. Impor silencio ao auditório ao iniciar a narrativa.
Requisito
Deve gostar de contar histórias, ter condição para tal, ter habilidade de envolver os ouvintes e emocionar-se com a própria narrativa, ter o hábito de ler e saber enriquecer (florear) fatos corriqueiros, saber expressar e viver a história narrada. A inspiração é fundamental. Dar vida aos personagens, caracterizando-os bem.
Criatividade
De uma poesia, de um fato ocorrido, da imaginação ou de uma observação pode-se criar uma história ou reinventar uma já conhecida. Saber mudar algum fato da história de acordo com a necessidade é também importante para o contador Ao apresentar uma história a determinado público, o contador deve estar atento para algumas posturas importantes na narração. Eis algumas:
Narrar com naturalidade
Narrar com naturalidade significa fazê-lo sem afetação, com a segurança de quem estudou e conhece o texto, com sobriedade nos gestos e equilíbrio na expressão corporal, consciente de que não está num palco representando, sem se agitar e se movimentar demais para não distrair os ouvintes.
Saber usar a voz
A voz é o mais importante dos instrumentos para um contador de histórias, porque é
através dela que as emoções se transmitem. O narrador tem que exprimir-se numa voz definida, pois ele é aquele que diz , por isso precisa saber bem o que irá dizer. Precisa ter dúvidas, certezas, conhecimentos, estudo e talento no uso da voz. Talento de sedução. Se fazer ouvir não é tão fácil assim, ainda mais quando atendemos a um público sem idade. Estratégias como: sussurrar quando o personagem fala baixinho, levantar a voz quando acontece uma confusão no enredo, falar mansinho quando a situação é calma, adocicar a voz quando a situação envolver crianças, flores, seres delicados; tornando-se grave se o personagem é grande ou violento.
Possuir clareza
A clareza pressupõe uma boa dicção e o uso de uma linguagem correta. Cuidado com as concordâncias, plural e singular, erros gramaticais. Deve-se evitar os “tiques” ou cacoetes tão comuns: certo, então, aí, entenderam? né? sabe? etc.
Valer-se das pausas
É importante criar intervalos na narrativa, para que assim o ouvinte tenha tempo de fazer sua imaginação funcionar, construir o cenário na mente visualizar os rostos, as roupas, o ambiente... Tem que existir um ritmo na narrativa, os intervalos não devem dar espaço para o bocejo, e isso poderá acontecer se tivermos “tiques” repetindo os né, então, e daí. Como nos orienta a experiência de uma grande contadora de histórias, Cléo Busatto em seu livro Contar e Encantar:
Parar sim, porque o silêncio na narrativa é imprescindível, mas o silêncio tratado aqui não é um silêncio vazio, mas antes pleno de significados. Há algo sendo dito por trás deste calar e que pode ser lido nos olhos, no corpo inteiro do narrador.
Evitar descrições longas
As descrições literárias, além de interessarem apenas às crianças maiores, são para serem lidas e não narradas. As crianças gostam mais de ouvir as conversas, as ações, os acontecimentos. As repetições de frases e expressões são muito bem vindas pelas crianças, pudemos observar isso nas apresentações do grupo “Contadores de Histórias” quando eles já aguardavam a repetição do movimento da nuvem Marli: Pra lá, pra cá..., Pra lá, pra cá...
Saber começar e saber terminar
O cuidado em acomodar as crianças deve ser a primeira preocupação. A melhor arrumação é sentá-las em semicírculo, de modo que todas possam ver quem está narrando e o material que ele irá utilizar.Para acalmar a agitação natural das crianças podemos cantar uma musica acompanhada de gestos, palmas, ou outros movimentos. A prática irá mostrar o melhor modo de arrumar as crianças. Isso dependerá muito de cada lugar e de cada momento, como também da idade das crianças. A maneira que o narrador irá se portar é individual, sentar-se ou ficar de pé é opcional, mas ele não poderá se esquecer que ao ficar de pé ficará mais exposto. As palavras mágicas, segundo Fanny Abramovich ainda são “Era uma vez...”. Quanto ao final da história, é bom marcá-lo de forma especial, podendo ser utilizadas reflexões tradicionais como: “E foram felizes para sempre...”

MÚSICA NA CONTAÇÃO DE HISTORIAS


ERA UMA VEZ...
ERA UMA VEZ...
FECHE OS OLHINHOS PRO ERA UMA VEZ
VAMOS SONHAR, VAMOS CANTAR...TUDO É POSSIVEL NO ERA UMA VEZ!!!
(Musica inicial)
musico:Zezinho Colares

Utilizamos o recurso da musica em nossas contações de historias. A musica encanta, agrada e serve a diversos propósitos como por exemplo fazer calar, chamar a atenção, fixar a mensagem que queremos passar, dinamizar, etc.
Pode ser utilizada também como teatro. Ex: A linda Rosa Juvenil (enquanto cantamos encenamos)

  1. A linda Rosa juvenil, juvenil, juvenil
    A linda Rosa juvenil, juvenil.
  2. Vivia alegre no seu lar, no seu lar, no seu lar
    Vivia alegre no seu lar, no seu lar.
  3. Mas uma feiticeira má, muito má, muito má
    Mas uma feiticeira má, muito má.
  4. Adormeceu a Rosa assim, bem assim, bem assim
    Adormeceu a Rosa assim, bem assim
  5. Não há de acordar jamais, nunca mais, nunca mais
    Não há de acordar jamais, nunca mais.
  6. O tempo passou a correr, a correr, a correr
    O tempo passou a correr, a correr.
  7. E o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor
    E o mato cresceu ao redor, ao redor.
  8. Um dia veio um belo rei, belo rei, belo rei
    Um dia veio um belo rei, belo rei.
  9. Que despertou a Rosa assim, bem assim, bem assim
    Que despertou a Rosa assim, bem assim.

  10. (a última estrofe tem 3 versões diferentes:)
    E batam palmas para o rei, para o rei, para o rei
    E batam palmas para o rei, para o rei.
    ou
    Digamos ao rei muito bem, muito bem, muito bem
    Digamos ao rei muito bem, muito bem.
    ou
    E os dois puseram-se a dançar, a dançar, a dançar
    E os dois puseram-se a dançar, a dançar.

  11. UTILIZAMOS PARLENDAS EM FORMA DE MUSICA. EX:


    E era o sapo dentro do saco, e o saco com o sapo dentro, e o sapo batendo papo, e o papo fazendo vento.


VAMOS CONTAR HISTORIAS????


#################

UM LIVRO MARAVILHOSO PARA SE TRABALHAR A DIVERSIDADE, O PRECONCEITO E O RACISMO. RECOMENDO....





FIM


ra uma vez uma linda Baratinha.

Gostava de tudo muito limpo e arrumado.


Um belo dia, Dona Baratinha varria o jardim de sua casa quando encontrou uma moedinha. Ficou muito feliz!

Rapidamente, tomou um banho, colocou um vestidinho bem bonito, uma fita no cabelo e ficou na janela da sala de sua casa cantando assim:


"Quem quer casar com a Dona Baratinha,
que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"
ogo, logo começaram a chegar os pretendentes.

O primeiro que passou foi o Senhor Boi, muito bem vestido.

Dona Baratinha perguntou então para ele:
- Que barulho o senhor faz quando dorme? E ele respondeu:

- Quando eu durmo, o meu ronco é assim - MUUUUU...........

- Saia já daqui! O Senhor me assusta com todo esse barulho!
Dona Baratinha voltou para sua janela, cantando a mesma canção.

"Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"
Um tempo depois passou um jumento todo arrumadinho e falante, dizendo:

- Eu serei o marido ideal para a Senhora.


quando o senhor dorme, como é o barulho que o senhor faz?
- Eu faço assim - Ióh..Ioh...Ióh...Ióhooooooo.........
Assustada Dona Baratinha mandou que ele saísse e nunca mais passasse por lá para assustá-la novamente.


Depois de algum tempo,já desanimada, Dona Baratinha recebeu uma visita inesperada. Era o Senhor Ratão, muito falante e animado:


- Senhora Baratinha, estou muito apaixonado pela senhora e pretendo me casar logo, logo.

A senhora aceita?
Mais uma vez,Dona Baratinha perguntou:
- "Como o senhor faz para dormir?"
Senhor Ratão disse:
- Eu sou muito discreto em tudo que faço.

Até para dormir, meu ronquinho é muito baixinho e dificilmente eu ronco!

É assim:

- iiiihhhhiiiiihhhhhh.......


- Que maravilha! disse Dona Baratinha! Esse barulho não me assusta, até parece uma suave melodia. Com você eu quero me casar e tenho certeza que seremos felizes para sempre!!!!


Logo foram marcando a data do casamento e preparando a festa.

Dona Baratinha pediu para suas amigas Abelhas, Formigas e Borboletas prepararem uma gostosa feijoada, sucos de diferentes frutas e muitos doces!

No dia marcado, a noiva já estava esperando na igreja toda preocupada, porque todos os convidados estavam lá também, só faltava o querido noivo.


Corre daqui, pergunta dali e nada! Ninguém sabia do paradeiro do distinto cavalheiro.O que será que tinha acontecido com ele? Todos se perguntavam...


....Acontece que Senhor Ratão era muito guloso.Não resistiu esperar pela surpresa da festa que a noiva havia lhe preparado. Então, aproveitando que todos já estavam na igreja ele foi até a casa das amigas de sua noiva onde tudo estava prontinho e arrumadinho e foi investigar os comes e bebes.

Quando sentiu o cheirinho apetitoso da feijoada, resolveu subir na panela e experimentar um pouquinho....
Acontece que Senhor Ratão perdeu o equilíbrio e caiu na panela do feijão! Como não tinha ninguém em casa ele não se salvou, morreu afogado dentro da gostosa feijoada!!!
uando soube do acontecido, Dona Baratinha triste ficou.

Voltou para sua casa e continuou a vidinha de sempre, cantando e procurando um noivo.

FIM















Chapeuzinho Vermelho

ra uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho, que tinha esse apelido pois desde pequenina gostava de usar chapéus e capas desta cor.

Um dia, sua mãe pediu:

- Querida, sua avó está doente, por isso preparei aqueles doces, biscoitos, pãezinhos e frutas que estão na cestinha. Você poderia levar à casa dela?

- Claro, mamãe. A casa da vovó é bem pertinho!

- Mas, tome muito cuidado. Não converse com estranhos, não diga para onde vai, nem pare para nada. Vá pela estrada do rio, pois ouvi dizer que tem um lobo muito mau na estrada da floresta, devorando quem passa por lá.

- Está bem, mamãe, vou pela estrada do rio, e faço tudo direitinho!

E assim foi. Ou quase, pois a menina foi juntando flores no cesto para a vovó, e se distraiu com as borboletas, saindo do caminho do rio, sem perceber.

Cantando e juntando flores, Chapeuzinho Vermelho nem reparou como o lobo estava perto...

lobo escondido atr·s da ·rvorePELA ESTRADA A FORA EU VOU BEM SOZINHA, LEVAR ESSES DOCES PARA A VOVOZINHA. ELA MORA LONGE E O CAMINHO É DESERTO E O LOBO MAU PASSEIA AQUI POR PERTO. MAS À TARDINHA, COM O SOL POENTE, JUNTO A VOVOZINHA DORMIREI CONTENTE!

Ela nunca tinha visto um lobo antes, menos ainda um lobo mau. Levou um susto quando ouviu:

lobo rindo

EU SOU O LOBO MAU, LOBO MAU, LOBO MAU E PEGO AS CRIANCINHAS PRA FAZER MINGAU. HOJE ESTOU CONTENTE, VAI HAVER FESTANÇA, PEGO ESSA MENINA PRA ENCHER A MINHA PANÇA!

- Onde vai, linda menina?

- Vou à casa da vovó, que mora na primeira casa bem depois da curva do rio. E você, quem é?

O lobo respondeu:

- Sou um anjo da floresta, e estou aqui para preteger criancinhas como você.

- Ah! Que bom! Minha mãe disse para não conversar com estranhos, e também disse que tem um lobo mau andando por aqui.

- Que nada - respondeu o lobo - pode seguir tranqüila, que vou na frente retirando todo perigo que houver no caminho. Sempre ajuda conversar com o anjo da floresta.

- Muito obrigada, seu anjo. Assim, mamãe nem precisa saber que errei o caminho, sem querer.

E o lobo respondeu:

- Este será nosso segredo para sempre...

E saiu correndo na frente, rindo e pensando:

(Aquela idiota não sabe de nada: vou jantar a vovozinha dela e ter a netinha de sobremesa ... Uhmmm! Que delícia!)

Chegando à casa da vovó, Chapeuzinho bateu na porta:

- Vovó, sou eu, Chapeuzinho Vermelho!

- Pode entrar, minha netinha. Puxe o trinco, que a porta abre.

A menina pensou que a avó estivesse muito doente mesmo, para nem se levantar e abrir a porta. E falando com aquela voz tão estranha...

lobo disfarçado de vovó

Chegou até a cama e viu que a vovó estava mesmo muito doente. Se não fosse a touquinha da vovó, os óculos da vovó, a colcha e a cama da vovó, ela pensaria que nem era a avó dela.

- Eu trouxe estas flores e os docinhos que a mamãe preparou. Quero que fique boa logo, vovó, e volte a ter sua voz de sempre.

- Obridada, minha netinha (disse o lobo, disfarçando a voz de trovão).

Chapeuzinho não se conteve de curiosidade, e perguntou:

- Vovó, a senhora está tão diferente: por que esses olhos tão grandes?

- É prá te olhar melhor, minha netinha.

- Mas, vovó, por que esse nariz tão grande?

- É prá te cheirar melhor, minha netinha.

- Mas, vovó, por que essas mãos tão grandes?

- São para te acariciar melhor, minha netinha.

(A essa altura, o lobo já estava achando a brincadeira sem graça, querendo comer logo sua sobremesa. Aquela menina não parava de perguntar...)

- Mas, vovó, por que essa boca tão grande?

- Quer mesmo saber? É prá te comer!!!!

lobo comilão

- Uai! Socorro! É o lobo!

A menina saiu correndo e gritando, com o lobo correndo bem atrás dela, pertinho, quase conseguindo pegar.

Por sorte, um grupo de caçadores ia passando por ali bem na hora, e seus gritos chamaram sua atenção.

caçadorNOS SOMOS OS CAÇADORES, ANDAMOS PELA FLORESTA. CANTAMOS COM OS PASSARINHOS VIVEMOS EM RISOS E FESTAS. CAÇAMOS ONÇAS PINTADAS, PACAS TATUS E CUTIAS.

Ouviu-se um tiro, e o lobo caiu no chão, a um palmo da menina.

Todos já iam comemorar, quando Chapeuzinho falou:

- Acho que o lobo devorou minha avozinha.

- Não se desespere, pequenina. Alguns lobos desta espécie engolem seu jantar inteirinho, sem ao menos mastigar. Acho que estou vendo movimento em sua barriga, vamos ver...

Com um enorme facão, o caçador abriu a barriga do lobo de cima abaixo, e de lá tirou a vovó inteirinha, vivinha.

- Viva! Vovó!

E todos comemoraram a liberdade conquistada, até mesmo a vovó, que já não se lembrava mais de estar doente, caiu na farra.

"O lobo mau já morreu. Agora tudo tem festa: posso caçar borboletas, posso brincar na floresta."

FIM

JOÃO JILÓ


Lembro-me de uma história de meu livro do curso primário: AS MAIS BELAS HISTORIAS, que era muito engraçada. Era a história do João Jiló. E passamos a conta-la assim...

Ele poderia se chamar João melancia, quiabo, banana, mas era chamado por João Jiló, sabe-se lá porque...

Numa sexta feira da paixão, João Jiló sai para caçar. Não era dia de caça, mas de igreja e de casa, segundo a história.

Já começando na contramão, depois de muito caminhar, João Jiló encontra-se, ao que parecia, com a única presa da floresta, um velho e magro passarinho que, ao perceber as intenções do exausto caçador a apontar-lhe a espingarda, suplica-lhe: “Mire devagar, João Jiló, porque dói, dói, dói.” João Jiló não faz atenção às súplicas da pobre ave que, agora, replica: “Atire devagar, João Jiló, porque dói, dói, dói.”
O processo de depenar o galo passou pelos mesmos resmungos: “Depene devagar João Jiló, porque....”; “Cozinhe devagar João Jiló, porque...” Em todo o momento, o velho não deu ouvidos ao passaro falante e, enfim, o pôs na panela. Depois de cozido ele come e vai se deitar. Mas acorda assustado com a barriga enorme, a ave crescendo la dentro. João suplica: "Sai dai passarinho, não aguento mais" O passaro responde: -"Sair por onde João Jiló??" "Pelos olhos" "Pelos olhos não, João Jiló, tem remela" "Então pelo nariz" "Não, que tem catarro" E assim o pássaro não quer sair por buraco nenhum, até que resolve sair pelo umbigo. Quando sai, esta todo iluminado e voa ate a torre da igreja e passa a proteger toda a cidade. E vive lá até hoje.

FIM



(conto resgatado por Câmara Cascudo- )

SAPO COM MEDO D'ÁGUA

O sapo é esperto. Uma feita dois homens fugidos da prisão, chegando a beira de uma lagoa agarraram um sapo qua estava por ali. Os malandros judiaram dele muito tempo e, quando se fartaram, resolveram matar o sapo. Como haviam de fazer?
- Vamos jogar o sapo nos espinhos!
- Espinho não fura meu couro - dizia o sapo.
- Vamos queimar o sapo!
- Eu no fogo estou em casa!
- Vamos sacudir ele nas pedras!
- Pedra não mata sapo!
- Vamos furar de faca!
- Faca não me atravessa!
- Vamos botar o sapo dentro da lagoa!
Aí o sapo ficou triste e começou a pedir, com voz de choro:
- Me bote no fogo! Me bote no fogo! N'água eu me afogo! N'água eu me afogo!
- Vamos para a lagoa - Gritaram os meninos.
Foram, pegaram o sapo por uma perna e, t'xim bum, rebolaram lá no meio. O sapo mergulhou, veio em cima d'água, gritando, satisfeito:
- Eu sou bicho d'água. "Faz do jeitunho que o sapo gosta...me afoga, me afoga, me afoga" (musica Arroxa)
Por isso quando vemos alguém recusar o que mais gosta, dizemos:
- É sapo com medo d'água...


O HOMEM SEM SORTE

Vivia perto de uma aldeia um homem que era completamente sem sorte. Nada do que ele fazia dava certo. Muitas vezes ele plantava sementes e o vento vinha e as levava, outras vezes, era a chuva, que vinha tão violenta que carregava as sementes. Outras vezes ainda, as sementes permaneciam sob a terra, mas o sol era tão quente que as cozinhava. E ele se queixava com as pessoas e as pessoas escutavam suas queixas, da primeira vez com simpatia, depois com um certo desconforto e enfim, quando o viam mudavam de caminho ou entravam para suas casas fechando portas e janelas, evitando-o. Então além de sem sorte, o homem se tornou chato e muito só.
Ele então começou a procurar um culpado para o que lhe acontecia. Analisando a situação de sua família percebeu que seu pai era um homem de sorte, sua mãe tinha tido sorte por ter se casado com seu pai e seus irmãos eram muito bem sucedidos. Pois então, se não era um caso genético, só poderia ser coisa do Criador. E depois de muito pensar, resolveu tomar uma atitude e ir até o fim do mundo falar com o Criador, que como Criador de tudo, deveria ter uma resposta.
Arrumou sua malinha, algum alimento e partiu rumo ao fim do mundo. Andou um dia, um mês, um ano e um dia, e pouco antes de entrar numa grande floresta ouviu uma voz:
- Moço, me ajude.
Ele olhou para os lados procurando alguém. Até que se deparou com um lobo, magro, quase sem pelos; era pele e osso o infeliz. Dava para contar suas costelas . E o lobo falou:
- Há três meses estou nesta situação. Não sei o que está acontecendo comigo. Não tenho forças para me levantar daqui. O homem refeito do susto respondeu:
- Você está se queixando a toa ...Eu tive azar a vida inteira. O que são três meses? Mas faça como eu. Procure uma resposta. Eu estou indo procurar o Criador para resolver o meu problema.
- Se eu não tenho forças nem para ir ao rio beber água... Faça este favor para mim . Você está indo vê-lo, pergunte o que está acontecendo comigo.
O homem fez um sinal de insatisfação e disse que estava muito preocupado com seu problema , mas se lembrasse, perguntaria. Virando as costas, continuou seu caminho. Andou um dia, um mês, um ano e um dia e de repente, ao tropeçar numa raiz, ouviu:
- Moço, cuidado.
E quando olhou, viu uma folhinha que vinha caindo, caindo. Olhando para cima, viu uma árvore com apenas duas folhinhas. Levantou-se e observando suas raízes desenterradas, seus galhos retorcidos, sua casca soltando-se do tronco, falou:
- Você não se envergonha ? Olhe as outras árvores a sua volta e diga se você pode ser chamada de árvore? Conserte sua postura.
A árvore, com uma voz de muita dor, disse:
- Não sei o que está acontecendo comigo. Estou me sentindo tão doente. Há seis meses que minhas folhas estão caindo, e agora, como vês, só restam duas... E, no fim da conversa, pediu ao homem que procurasse uma solução com o Criador.
Contrariado, o homem virou as costas com mais uma incumbência. Andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou a um vale muito florido , com flores de todas as cores e perfumes. Mas o homem não reparou nisto. Chegou até uma casa e na frente da casa estava uma moça muito bonita que o convidou a entrar. Eles conversaram longamente e quando o homem deu por si já era madrugada. Ele se levantou dizendo que não podia perder tempo e quando já estava saindo ela lhe pediu um favor:
- Você que vai procurar o Criador, podia perguntar uma coisa para mim? É que de vez em quando sinto um vazio no peito, que não tem motivo, nem explicação. Gostaria de saber o que é e o que posso fazer por isto. O homem prometeu que perguntaria e virou as costas e andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou por fim ao fim do mundo. Sentou-se e ficou esperando até que ouviu uma voz. E uma voz no fim do mundo, só poderia ser a voz do criador.
- Tenho muitos nomes. Chamam-me também de Criador ... E o homem contou então toda a sua triste vida. Conversou longamente com a voz até que se levantou e virando as costas foi saindo, quando a voz lhe perguntou:
- Você não está se esquecendo de nada ? Não ficou de saber respostas para uma árvore, para um lobo e para uma jovem ?
- Tem razão... E voltou-se para ouvir o que tinha que ser dito. Depois, virou-se e correu mais rápido que o vento, até que chegou à casa da jovem. Como ela estava em frente à casa , vendo-o passar chamou:
- Ei!!! Você conseguiu encontrar o Criador? Teve as respostas que queria?
- Sim!!! Claro! O Criador disse que minha sorte está toda no mundo. Basta eu ficar alerta para perceber a hora de apanhá-la!
- E quanto a mim, você teve a chance de fazer a minha pergunta?
- Ah! O Criador disse que o que você sente é solidão. Assim que encontrar um companheiro vai ser completamente feliz, e mais feliz ainda vai ser o seu companheiro.
A jovem então abriu um sorriso e perguntou ao homem se ele queria ser este companheiro.
- Claro que não... Já trouxe a sua resposta... Não posso ficar aqui perdendo tempo com você. Não foi para ficar aqui que fiz toda esta jornada. Adeus!!!
E virando as costas correu, mais rápido do que a água, até a floresta onde estava a árvore. Ele nem se lembrava mais dela. Mas quando novamente tropeçou em sua raiz, viu caindo uma última folhinha. Ela perguntou se ele tinha uma resposta, ao que o Homem respondeu:
- Tenho muita pressa e vou ser breve, pois estou indo em busca de minha sorte e ela está no mundo. O Criador disse que você tem embaixo de suas raízes uma caixa de ferro cheia de moedas de ouro. O ferro desta caixa está corroendo suas raízes. Se você cavar e tirar este tesouro daí, vai terminar todo o seu sofrimento e você vai poder virar uma árvore saudável novamente.
- Por favor !!!Faça isto por mim!!! Eu não tenho como fazê-lo. Você pode ficar com o tesouro. Ele não serve para mim. Eu só quero de novo minha força e energia. O homem deu um pulo e falou indignado:
- Você está me achando com cara de quê? Já trouxe a resposta para você. Agora resolva o seu problema. O Criador falou que minha sorte está no mundo e eu não posso perder tempo aqui conversando com você, muito menos sujando minhas mãos na terra. E virando as costas, correu, mais rápido do que a luz, atravessou a floresta e chegou onde estava o lobo, mais magro ainda e mais fraco. O homem se dirigiu a ele apressadamente e disse:
- O Criador mandou lhe falar que você não está doente. O que você tem é fome. Está a morrer de inanição, e como não tem forças mais para sair e caçar, vai morrer ai mesmo. A não ser, que passe por aqui uma criatura bastante estúpida e você consiga comê-la.
E nesse momento, os olhos do lobo se encheram de um brilho estranho, e reunindo o restante de suas forças, o lobo deu um pulo e comeu o homem sem sorte."











UMA HISTORIA DE NATAL


Foi na noite de Natal. Um anjo apareceu a uma família muito rica e falou para a dona da casa. «- Trago-te uma boa notícia: esta noite o Senhor Jesus virá visitar a tua casa! »

Aquela senhora ficou entusiasmada. Jamais acreditara ser possível que esse milagre acontecesse em sua casa. Tratou de preparar um excelente jantar para receber Jesus. Encomendou assados, conservas, saladas e vinhos importados.

De repente, tocaram a campainha. Era uma mulher com roupas miseráveis, com aspecto de quem já sofrera muito.

- Senhora, - disse a pobre mulher, - será que não teria algum serviço para mim? Tenho fome e tenho necessidade de trabalhar.

- Ora bolas! - retorquiu a dona da casa. - Isso são horas de me vir incomodar? Volte outro dia. Agora estou muito atarefada com um jantar para uma visita muito importante.

A pobre mulher retirou-se. Um pouco mais tarde, um homem, sujo de óleo, veio bater-lhe à porta.

- Senhora, - disse ele com humildade, - o meu camião avariou aqui mesmo em frente à sua casa. Não teria a senhora, por acaso, um telefone para que eu pudesse comunicar com um mecânico?

A senhora, como estava ocupadíssima em limpar as pratas, lavar os cristais e os pratos de porcelana, ficou muito irritada.

- Você pensa que minha casa é o quê?! Vá procurar um telefone público. Onde já se viu incomodar as pessoas dessa maneira?! Por favor, cuide para não sujar a entrada da minha casa com esses pés imundos.

E a anfitriã continuou a preparar o jantar: abriu latas de caviar, colocou o champanhe no frigorífico, escolheu, na adega, os melhores vinhos e preparou os coquetéis.

Nesse momento, alguém lá fora bate palmas. “Será que agora é que é Jesus?” -pensou ela, emocionada. E com o coração a bater acelerado, foi abrir a porta. Mas decepcionou-se: era um menino de rua, todo sujo e mal vestido...

- Senhora, estou com fome. Dê-me um pouco de comida!

- Como é que eu te vou dar comida, se nós ainda não jantámos?! Volta amanhã, porque esta noite estou muito atarefada... não te posso dar atenção.

Finalmente o jantar ficou pronto. Toda a família esperava, emocionada, o ilustre visitante. Entretanto, as horas iam passando e Jesus não aparecia. Cansados de tanto esperar, começaram a tomar aqueles coquetéis especiais que, pouco a pouco, já começavam a fazer efeito naqueles estômagos vazios, até que o sono fez com que se esquecessem dos frangos, assados e de todos os pratos saborosos.

De madrugada, a senhora acordou sobressaltada e, com grande espanto, viu que estava junto dela um anjo.

- Será que um anjo é capaz de mentir? - gritou ela. - Eu preparei tudo esmeradamente, aguardei a noite inteira e Jesus não apareceu. Por que é que você fez essa brincadeira comigo?

- Não fui eu que menti... Foi você que não teve olhos para enxergar. - explicou o anjo. - Jesus esteve aqui em sua casa três vezes: na pessoa da mulher pobre, na pessoa do motorista e na pessoa do menino faminto, mas a senhora não foi capaz de reconhecê-lo e acolhê-lo em sua casa”.